sexta-feira, 15 de julho de 2011

CAUSOS E OUTROS TRENS

São vários os relatos de que viajar em um carro de 2ª classe não era tão agradável, o calor às vezes era insuportável. Para tentar resolver seu problema, o Sr. José da Silva Pinheiro resolveu colocar a cabeça pra fora durante sua viagem e... saiba o final deste  causo publicado no dia 13 de novembro de 1913 no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto-SP, e foi respeitada a grafia original. Saiba +

Proesas do Sr. Pinheiro (Um chapeu na linha faz parar o expresso - Na cadeia)

O Sr. José da Silva Pinheiro, portuguez, passageiro do expresso de Uberaba, quando viajava hontem para esta cidade, entendeu que o calor e o ar viciado do modesto vagão de 2ª classe em que vinha, muito o muito o encommodavam.
Bem que pensou nas delicias de um ventilador electrico, e em ultimo caso um carro de primeira classe, mas ... Não levou em paciência e arriscou metter a cabeça pela janellinha do seu comboio, affrontando mesmo u poeira que levantava o expresso na sua vertiginosa carreira.
E lá se ia o nosso homem a gosar a frescura do vento que soprava, alongando a vista pela paysagem que se lhe apresentava aos olhos.
Eis senão quando um incidente veiu perturbar-lhe o prazer mal começado. Uma rajada mais forte de vento, arrebata-lhe o chapéu. Acto continuo, Pinheiro, que não se deu por achado, recolhe-se ao vagão, alça o braço e, em forte puchão na corda de aviso faz parar o trem, com grande pasmo dos viajantes e maior susto do machinista, que já supunha tratar-se de um desastre.
Verificando o facto, o trem continua a sua carreira e José Pinheiro veiu chorar a sua imprudência na cadeia desta cidade, visto não possuir a importância correspondente á multa regulamentar que lhe foi imposta pela estrada por essa irregularidade.
O inoffensivo José Pinheiro queria apenas apanhar o seu chapéu ...

(Notícia publicada em 13 de novembro de 1913 no Diário da Manhã, de Ribeirão Preto, SP. Respeitada a grafia original. Imagem do recorte do jornal no blog de 14/12/2011.)

(Postado em 12/12/2011; colaboração de Denis W. Esteves)

Fonte: http://portaldotrem.com.br/causos.html




Futebol - paixão nacional que nasceu nos trilhos
Reza a história do futebol que esta paixão nacional nasceu nos trilhos! Charles Miller, brasileiro e funcionário da São Paulo Railway, foi quem impulsionou este esporte no país trazendo, através da ferrovia, bolas, chuteiras e uniformes. Em 14 de abril de 1895, era disputada a primeira partida oficial no Brasil. Saiba + 

Charles Miller foi jogador, árbitro, dirigente e é considerado o pai do futebol no Brasil. Apaixonado por esportes, também foi o fundador da Associação Paulista de Tênis.Nascido no bairro paulistano do Brás, filho de um escocês e uma brasileira de origem inglesa, Charles Miller viajou para Hampshire, na Inglaterra, aos nove anos de idade para estudar. Lá aprendeu a jogar futebol, rugby e críquete.

Aos 17 anos, Charles já se destacava no futebol, o que lhe deu a chance de disputar 34 partidas pela Banister School, marcando 51 gols.

Em 1894 ele retornou ao Brasil para trabalhar na São Paulo Railway Company (companhia inglesa de ferrovias), tornando-se também correspondente da Coroa Britânica e vice-cônsul inglês em 1904.

Charles Miller
Na época do seu retorno, havia apenas um clube na cidade, o São Paulo Athletic, fundado em maio de 1888 pela colônia britânica, que oferecia a prática do críquete. Como havia trazido duas bolas da Inglaterra, uniformes e um conjunto de regras, Miller tentou difundir o futebol. O primeiro jogo foi realizado em 15 de abril de 1895 entre Funcionários da Companhia de Gás X Companhia Ferroviária São Paulo Railway.

Como artilheiro do São Paulo Athletic Club (SPAC), Charles Miller ganhou os três primeiros campeonatos em 1902, 1903 e 1904. Foi também o criador do drible ou passe com o calcanhar, jogada que viria a ser conhecida com o nome de "Charles", em sua homenagem.

Miller foi fundamental na montagem da Liga Paulista de Futebol, a primeira do Brasil. Foi ele que sugeriu o nome do primeiro presidente do Sport Club Corinthians Paulista.


A palavra "Trem"

A palavra TREM é usada para diversas finalidades e com sentidos distintos. Mas... qual será o seu verdadeiro significado? O que o Aurélio tem a nos dizer?

O Verdadeiro Significado da Palavra TREM
Interessante que o assunto mineirês veio à tona logo no dia em que alguns transtornos foram causados pelo seu desconhecimento por parte de alguns jornalistas, que escreveram a seguinte manchete: - ' Trens batem de frente em Minas.'
Os mineiros, obviamente, não deram a devida importância, já que para eles isto quer dizer apenas que duas coisas bateram. Poderia ter sido dois carros, um carro e uma moto, uma carroça e um carro de boi; ou até mesmo um choque entre uma mala de viagem e a mesa de jantar.
Movidos pela curiosidade, consultamos o Aurélio. E vejam o que diz:
trem [Do francês/inglês. train.] Substantivo masculino.
1 Conjunto de objetos que formam a bagagem de um viajante. 2. Comitiva, séquito. 3. Mobiliário duma casa. 4. Conjunto de objetos apropriados para certos serviços... 5. Carruagem, sege. 6. Vestuário, traje, trajo. 7.Mar. G. Bras. Grupamento de navios auxiliares destinados aos serviços (reparos, abastecimento, etc.) de uma esquadra. 8.Bras. Comboio ferroviário; trem de ferro. 9.Bras. Bateria de cozinha. 10.Bras. MG C.O. Pop. Qualquer objeto ou coisa; coisa, negócio, treco, troço: 'ensopando o arroz e busando da pimenta, trem especial, apanhado ali mesmo, na horta.' (Humberto Crispim Borges, Cacho de Tucum, p. 186). 11.Bras. MG S. Fam. Indivíduo sem préstimo, ou de mau caráter; traste.
Vejam que o sentido de comboio ferroviário é apenas o 8º, e ainda é considerado um brasileirismo.
Comentei o fato com um amigo especialista em etimologia, que me esclareceu a questão: o comboio ferroviário recebeu o nome de trem justamente porque trazia, porque transportava, os trens das pessoas. Vale lembrar que nessa época o Brasil possuía uma malha ferroviária com relativa capilaridade e o transporte ferroviário era o mais importante. Assim, era natural que as pessoas fizessem essa associação.
Moral da estória:
O mineiro é, antes de tudo, um erudito. Além de erudito, ainda é humilde e aceita que o pessoal dos outros estados tripudie da forma como usa a palavra trem. Na verdade, acho que isso faz parte do 'espírito cristão do mineiro'. Ele escuta as gozações e pensa: que sejam perdoados, pois não sabem o que dizem.

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